A intervenção teve como princípio a reabilitação de dois edifícios que se encontravam em ruínas/abandonados, para acolher as futuras instalações da empresa Adesus, Lda.
Propôs-se o acesso ao edifício a partir de um pátio privado exterior, resultante de um elemento estruturante tipo “pele” que envolve e unifica todos os edifícios existentes.
É este novo elemento arquitectónico, de elevado valor estético/formal e útil ao conjunto urbano, que se torna o elemento aglutinador e diferenciador do que agora se propõe para esta construção.
A proposta que se apresenta, centrada propositadamente neste elemento pouco comum, pretende beneficiar e, de alguma forma, mitigar o “vazio” provocado pelo desalinhamento entre os edifícios existentes.
Este tipo de vazio urbano, muitas vezes agravado por empenas cegas, quase sempre resultante da convivência de novos alinhamentos estabelecidos com outros anteriores, provoca, amiúde, situações análogas, cujo resultado, agravado pela política da reabilitação, não deverá ter fim à vista.
Entendemos, materializando essa convicção nesta proposta, que cabe ao projectista apresentar soluções particulares de contributo ao colectivo e à cidade, enquadradas nos instrumentos de gestão territorial, que suavizem e atenuem o seu impacto estético nos conjuntos urbanos, aqui em particular no conjunto edificado/rua mas, em ultima análise, no próprio território.
Assim, apresenta-se uma intenção que, mantendo a área de implantação prevista, todos os parâmetros urbanísticos estabelecidos nos instrumentos de planeamento em vigor, não interferindo com quaisquer índices de impermeabilização previstos e exigidos, cria uma solução “arquitectónicoescultural” de elevado contributo estético, formal e, provavelmente, ambiental.
O edifício beneficiará de uma estrutura periférica, de construção metálica devidamente cuidada, preparada para suportar elementos verdes e apta a beneficiar a imagem da rua e suavizar desalinhamentos.
Entende-se que esta “pele” leve e de elevada transparência terá capacidade para sugerir um elemento mais volumétrico com a eficácia para ocultar a empena cega do edifício mais antigo ao mesmo tempo que contribuirá, significativamente, para anular o vazio criado pelo recuo do edifício mais recente.
A estrutura tem também a particularidade de uniformizar o conjunto arquitectónico, anunciando entradas e clarificando percursos, exercendo impacto directo na clarificação do espaço público envolvente. Este elemento pele/estrutura periférica acrescenta uma desejável ideia de volume ao remate do quarteirão e integra de uma forma inequívoca o edifício mais antigo, acrescentando-lhe massa.
A estrutura “pele” contribui também para uma identidade singular que se pretende dar ao edifício no seu todo e, ao mesmo tempo garante uma barreira protetora de ruído e poluição.
Importará salientar também que este elemento, estando previsto conter espécies vegetais tipo “fachada verde” contribuirá, à sua medida, para melhorar a qualidade do ar na zona, contrariando a tendência crescente de poluição sonora e ambiental promovida pela rua 1o de Maio/ EN 101.
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Projecto de Reabilitação